'Caminhada Olinda Negra' revela a história afrodescendente da cidade
Roteiro de reconhecimento dos patrimônios imateriais da cidade é fruto da parceria entre a plataforma Guia Negro e a Associação Recreativa e Carnavalesca Afoxé Alafin Oyó
Texto: Victor Lacerda I Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação

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Roteiro de reconhecimento dos patrimônios imateriais da cidade é fruto da parceria entre a plataforma Guia Negro e a Associação Recreativa e Carnavalesca Afoxé Alafin Oyó
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Texto: Victor Lacerda I Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação
Dar voz à narrativa negra - estruturalmente apagada pela história - é um processo que também precisa ser feito no turismo. A "Caminhada Olinda Negra" é uma iniciativa que revela a história afrodescendente nas ladeiras do Sítio Histórico a partir de um roteiro de reconhecimento dos patrimônios imateriais da cidade.
A caminhada é resultado de uma parceria entre a plataforma Guia Negro e a Associação Recreativa e Carnavalesca Afoxé Alafin Oyó com o objetivo de mostrar a relevância do povo negro em manifestações culturais como frevo, blocos, maracatus e afoxés, que fazem da cidade um Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.
O roteiro traz protagonismo às personalidades e expressões culturais da maior importância para a construção da pluralidade cultural de Olinda e de Pernambuco, que passam despercebidos pela maioria que circula pelas ladeiras.
“A ideia da caminhada é dar protagonismo à negritude, ressaltar a história de personagens negros, de lugares importantes, da história, do presente da população negra. É um roteiro que tem a presença do agogô, que vai abrindo os caminhos do roteiro e contando as histórias, bastante musical, como é a cidade de Olinda”, conta o jornalista Guilherme Soares, fundador do Guia Negro.
A turismóloga e responsável técnica do projeto, Camila Góes explica que a ação também se destaca pelo papel relevante na retomada econômica do município e do Estado, sobretudo por movimentar a economia criativa e pela capacidade de gerar emprego e renda, dessa forma, incentivando e valorizando a cadeia produtiva da cidade, especialmente os empreendedores negros.
“Para além do turismo, a caminhada beneficia igualmente a comunidade, trazendo senso de preservação e orgulho. A ação promove, direta e indiretamente, a inclusão social, diversifica a economia regional e melhora as condições de vida das famílias envolvidas”, pontua.
Atualmente, o projeto conta com seis condutores dos roteiros. De acordo com o coordenador de afroturismo do Afoxé Alafín Oyó, Bernardo Sena, a ideia é que mais jovens e adultos negros possam ter formação sobre o turismo negro local.
“O objetivo é servir de suporter para a população negra, gerando oportunidade, emprego e renda àqueles que estão em contato com a nossa entidade”, pontua o gestor.
Os organizadores esperam que novos roteiros sobre novos temas e narrativas sejam implementados na cidade. Para isso, novas datas serão fechadas para o público interessado. Mais informações sobre este cronograma estão disponíveis na página oficial do projeto.
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