Com linguagem simples e acessível, obra de autoria de Luana Leandro explica os guias e orixás que existem na religião
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Divulgação
O preconceito se fortalece na falta de conhecimento e opiniões distorcidas. Com base nisso, Luana Leandro, uma jovem de 24 anos e estudante de Direito, escreveu o livro “Erêmi: O guia da Umbanda para crianças de Axé (ou de outra fé)”.
A autora nasceu dentro das religiões de matriz africana, a mãe é da Umbanda e o pai é do Candomblé. “A religião sempre esteve presente. Sempre falei sobre ela e nunca escondi isso de ninguém”, conta.
A essência de paz, amor e caridade da Umbanda é contada no livro por meio das histórias de caboclos, pretos velhos, sereias, exus, baianos, sereias, ciganos, entre outros guias. A linguagem é simples, lúdica e acessível. A proposta é explicar como tudo acontece e que o objetivo é a prática do bem.
“A Umbanda é uma religião como qualquer outra. É uma religião que agrega e acolhe. A origem é brasileira e tem influência do candomblé e do espiritismo”, explica a autora.
A mãe e a avó de Luana estiveram à frente da Fraternidade Espírita de Umbanda, Caboclo Humaitá, Vô Militão e Boiadeiro Serra Negra. Luana se prepara para ser a herdeira dessa tradição de 54 anos, no bairro do Pari, zona norte de São Paulo.
A escritora relata que o processo de construção do livro foi um mergulho na religião, na história da própria família e na espiritualidade. “A gente aprende muito com os mais velhos, muita coisa que eu escrevi no livro foi conteúdo que aprendi com a minha avó, com as minhas tias, com amigos. Eu fui ouvir e buscar com elas”, pontua.
A obra também apresenta as semelhanças entre as crenças religiosas e o universo das crianças. A exemplo de quando fala dos Orís, protetores pessoais que acompanham as pessoas como guardiões, os anjos da guarda.
“Quando um praticante da Umbanda se prepara para incorporar os guias espirituais, é o anjo da guarda quem fica ao lado protegendo para que nada de ruim se aproxime. Por isso, no momento do guia ir embora, dizemos: Seu anjo da guarda te chama’.”, explica um trecho do livro, lançado pela Arole Cultural.
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